SANTA COLETA DE CORBIE (1381-1447)
Filha de um próspero carpinteiro de Corbie, na Picardia, França. Roberto Boylet e de Margarida. Nicolette nasceu a 13 de janeiro de 1381. O fato de seu nascimento despertou a interpretação geral de que houve uma intervenção divina, pois sua mãe contava na época sessenta anos. A época da vida de Coleta é uma época de crise: a guerra dos cem anos, o cisma interno da Igreja, com três Papas reinando a um só tempo, a renovação francesa do século XV, tudo isso torna a realidade um tanto difícil, crítica. Coleta fica órfã de ambos os pais aos 18 anos. Conforme o costume do lugar, a órfã caia aos cuidados do abade dos beneditinos, Raul de Royer. Ele pensou em arranjar um casamento para a sua encantadora pupila; mas Coleta recusou todos os pretendentes. Passa por um período de perplexidade. Depois distribui seus bens aos pobres desejando abraçar a vida religiosa. Sente-se atraída pela vida de pobreza e de oração. Junta-se ao grupo das Beguinas de sua cidade, mas, insatisfeita porque a vida delas era boa demais para uma apaixonada pela pobreza, no ano seguinte põe-se a serviço de um hospital próximo às beneditinas. Mais uma vez não deu certo, pelo mesmo motivo. Nada consegue saciar o seu espírito sedento de austeridade. Em Point Ssaint Maxense havia um Mosteiro de Clarissa. Lá pensava saciar sua busca da pobreza absoluta, mas foi uma decepção pois era um Mosteiro de Clarissas Urbanistas. Voltou a Corbie e depois ingressa nas clarissas urbanistas, no Real Mosteiro de Moncel, nas proximidades de Beauvais, mas igualmente esta experiência de vida religiosa a deixa insatisfeita. Retorna a Corbie, onde se torna religiosa da terceira Ordem de São Francisco, emitindo junto aos outros votos, o de clausura perpétua, num pequeno reclusório (1402). Ali aprende, lentamente, através da oração e de visões penosas, que Deus a quer reformadora da Ordem Franciscana. Viveu três anos de vida reclusória. Foram anos de intensas alegrias espirituais; anos de austeridades rigorosas, mas também de lutas, um deserto de longas purificações. Através de várias inspirações, Deus lhe revela a missão que lhe reserva. A Igreja e a França passam por grandes provações. Cabe-lhe a missão de unificar. Neste tempo Frei Henrique de la Baume esteve como peregrino em Jesrusalém, para obter do Senhor o restabelecimento da unidade e da paz dos cristãos. Ele seria o mais corajoso colaborador da Reforma Coletina, junto a Joana, nascida em Domremy em 1412, fiel companheira de Coleta nas fundações da reforma. Quando enfim, depois de muita resistência, acolhe o chamado, sintetiza numa série de artigos a sua ação futura. Depois de receber a visita do padre Henrique de la Roche e Baume, que se tornar o seu mais intenso colaborador e sustento na obra da Reforma. Coleta deixa o seu reclusório com a autorização do Papa e inicia sua missão que, por quarenta anos, a fará peregrina na França, Holanda, Luxemburgo e Bélgica. A 14 de outubro de 1406, o Papa Bento XIII, avinhonês, aprova a observância integral da Regra de Santa Clara, a pobreza radical, e permite a fundação de um Mosteiro, onde poder receber todas as religiosas que queiram viver a Regra integralmente. Como berço da reforma recebe o castelo Alarde de Baume, começando com jovens na sua maioria órfãs. Em seguida, nasce uma comunidade de Clarissas a quatro léguas de Poligny, numa ala de um castelo pertencente a Branca de Sabóia. Até 1410, sofre sérias oposições das Clarissas Urbanistas de Besançon (1406). Nesse ano, autorizada por Bula papal, inicia com algumas companheiras a reforma desse Mosteiro, onde restavam apenas duas Clarissas Urbanistas. É o início de uma série de Mosteiros nos quais dever penetrar a reforma coletina. Seguem Auxone (1412), Poligny (1415) e quinze outros mosteiros na França e nos Países Baixos citados acima. Santa Coleta, mulher de uma fibra inquebrantável e de uma grande coragem empreendedora, alarga sua obra de reforma também junto aos Frades Menores: são os chamados recoletos. Seguem-se as fundações de Moulins (1421) e Aigueoerse (1422), Orbe (1428) Le Puy en Velay (1428), Castres (1428), Gand (1429), Lèsignán (1431), Le Puy (1438), Heidelberg (1438), Hesdim (1440), Besançon (1440) Pont à Mousson (1447),Amiems (1443), Gabd (1449), entre outras.
De etapa em etapa, Coleta e suas companheira, junto de Henrique, chegam à realização de um grande número de fundações, realizadas especialmente com a colaboração de jovens órfãs que começam a fazer parte do movimento coletino. Vai consolidando a reforma com irmãs de sua confiança, que deixa responsáveis pelo encaminhamento da vida nos mosteiros. Visita constantemente a todos eles. Escreve-lhes cartas animadoras e entusiastas. São realizadas reformas em diversos mosteiros, entre os quais alguns de Clarissas urbanistas, inclusive aquele em que ela ingressara. Coleta é uma mulher empreendedora, ativa, dinâmica, que responde a Deus com todo o seu coração. No final de sua vida constam dezessete mosteiros, entre os fundados ou reformados pela Santa. Junto de São Vicente Ferrari se interpõe no Concílio de Constanza (1417) para fazer cessar o cisma do Ocidente. Sua reforma difundiu-se grandemente por obra de suas seguidoras, também em outros países após a sua morte, de modo especial na Espanha. Morreu no Mosteiro de Gand, na Bélgica, a 6 de março de 1447. Sua grande colaboradora Pierina de la Roche e Baume, foi sua biógrafa. Seu relato tinha objetivo de ajudar o avanço do processo de canonização de Coleta (1471), por‚m, por diversas circunstâncias somente foi canonizada a 24 de maio de 1807, pelo Papa Pio VII. O corpo de santa Coleta, salvo um curto exílio que as Irmãs sofreram entre 1577 1 1586 permanece em Gand. As relíquias de Santa Coleta foram primeiramente conservadas numa urna de madeira dourada. Em 1876 foram removidas para outra urna, em que até hoje são veneradas, Santa Coleta é uma das mais insignes figuras da Ordem das Clarissas, pelo seu magnânimo empreendimento de reforma, que realizou diante de um forte apelo de Deus. A festa de Santa Coleta de Corbie é celebrada no dia 7 de fevereiro.
BIBLIOGRAFIA
Santa Coleta - Seleções n. 14
LAINATI, Chiara Augusta - Temi Spirituali dagli Scritti del Secondo Ordine Francescano. Santa Maria degli Angeli, Assisi 1970.
RAVIER, Andr‚ - Sainte Collette de Corbie, Besan‡on 1976
GOUVEN, Joseph - Rauonnement de Sainte Collette - La Colombe, Paris 1952
VITA Santae Coletae (1381-1447) Printed in Belgium (em cinco línguas, para o espanhol ver às pp. 155-190).
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