REFORMA COLETINA DA ORDEM DE SANTA CLARA
Santa Coleta de Corbie (1406-1447)
O grande movimento de reforma de Santa Coleta teve início no ano de 1406, quando essa mulher admirável deixou seu reclusório de terceira franciscana em Corbie. Tinha então 21 anos. Em meio a inúmeras perseguições, fadigas, contradições e lutas, procurou restabelecer o primitivo fervor e o ideal da pobreza nos mosteiros de Clarissas. Coleta foi ao encontro do Papa Bento XIII em Nice (1406) e nas mãos dele fez a sua profissão da Regra de Santa Clara, recebendo também na mesma ocasião a investidura de abadessa e de reformadora das três Ordens franciscanas. Contando com a proteção de algumas pessoas nobres, pôs-se a percorrer os caminhos da França e dos Países Baixos, levando por toda a parte o fermento da renovação das instituições franciascanas, a volta à pureza evangélica e à pobreza. Ao morrer em Gand, na Bélgica em 1447, deixava um conjunto de 22 mosteiros fundados ou reformados sob a Regra de Santa Clara, com as Constituições e determinações elaboradas por ela própria. Essas Constituições foram aprovadas em 1434 pelo Ministro Geral Guilherme de Casale e confirmadas por Pio II, em 1458. A importância maior é dada à pobreza inicial das damianitas com Clara em Assis. Não se recebe nada das candidatas como dote; cada uma deve renunciar a tudo antes de ingressar. A pobreza, unida à higiene deve brilhar nas vestes de uso pessoal. É proibida qualquer segurança em posses, rendas fixas ou provisões de longo prazo. Não se poderia ter objetos preciosos ou supérfluos nos mosteiros. O trabalho é fonte de sustento e recai sobre todas as irmãs com igualdade. Considera a formação intelectual como parte das ocupações normais das irmãs e pede que haja uma boa biblioteca em cada casa. Juntamente com a pobreza, Coleta dá a máxima importância para a vida de sororidade. Consoante com a Regra, não existem classes de irmãs; os cargos são ofícios de serviço. A clausura é rigorosa, mas simplificada. O capítulo semanal é expressão de responsabilidade comum, Prescreve-se a comunicação espontânea das irmãs nos tempos de recreio, em grupos de duas, três, ou mais. Coleta volta com decisão à Regra de Santa Clara, captando profundamente seu espírito. Ainda que tenha tomado da Regra de Urbano IV muitos pontos disciplinares concretos, usa-os na medida em que estão de acordo com o ideal de pobreza, igualdade e minoridade. Também segue Santa Clara no desejo de manter estreita união com os irmãos da Primeira Ordem. Na reforma, os mosteiros ficavam sujeitos à direção dos frades. Conforme a Regra, quatro deles deviam estar à disposição de cada mosteiro. Incialmente a reforma coletina encontrou sérias oposições, sobretudo por parte das Clarissas Urbanistas e dos Frades Menores. Coleta faz contínuas viagens, com deslocamento lento, incômodo e perigoso na época da guerra dos cem anos, para consolidar a Reforma. Para a renovação dos conventos de Frades Menores recebe o apoio de Frei Pierre de Vana, de Frei Claret e de Frei Henrique de la Roche e Baume, dando origem aos chamados Frades Menores Coletinos ou Recoletos. Desde 1448, à raiz da morte de Coleta, a reforma masculina precisa recorrer ao Papa a fim de se defender: tantos os observantes como os conventuais disputam as comunidades, querendo apossar-se do governo dos conventos. mas mesmo em 1517, quando os Observantes assumem todos os demais movimentos da reforma, os conventos dos recoletos permanecem autônomos. O movimento da reforma coletina nos mosteiros de Clarissas tem início com o de Urbanistas de Besançon em 1410. Dois anos antes Coleta começara a vida pobre de Clarissas juntamente com algumas companheiras, na sua maioria órfãs, no Castelo Alarde de Baume. As maiores colaboradoras desde então, são: Maria Sineschal, Pierina de Baume e Jaquete Legrand. O mosteiro de Urbanistas de Besançon é reformado com o empenho dessas primeiras entusiastas de ideal. Encontrava-se em estado deplorável, com apenas duas Clarissas. O Papa Alexandre V, eleito no Concílio de Constanza, autorizou-lhe a tomada de posse do Mosteiro, j entregue a Coleta por Bento XIII, a pedido de Branca de Genebra. Em 1421, o Papa João XXII colocou o convento franciscano de Dôle sob a autoridade de Coleta, pois se encontrava afastado do ideal primitivo. O guardião resiste, mas à chegada da reformadora, ele e toda a comunidade cedem à eloqüência e à paciência de Coleta. Dôle torna-se o seminário franciscano da reforma para os frades. Neste mesmo ano, Coleta funda um mosteiro em Auxone, com o apoio de Margarida da Baviera, deixando Inês de Vaux como abadessa e mais quatro Irmãs. Em Bensançon permanece por três anos. Iniciou a redação das interpretações da Regra de Santa Clara durante este tempo. Em 1415, funda o Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade em Poligny - o mais querido para ela, pois fora organizado e pensado na mais estrita pobreza. Em 1422, funda o Mosteiro em Suirie e Moulins. Em 1423, o de Aigneperx e no ano seguinte, o de Decise. Em 1425, ocorre a fundação do Mosteiro de Vivey. Em 1428 a de Orbe; em 1429, a de Cartres; em 1431 a de Lezignan; em 1432, a de Le Puy. Em 1439, recomeçam uma série de fundações: Heigelberg (1439); Hesdin (1441); Gana (1442); Amiens (1445). A grande reformadora morre em Gand a 6 de março de 1447.
BIBILIOGRAFIA
Santa Coleta - Seleções n. 14
IRIARTE, Lázaro - História Franciscana. Vozes-Cefepal, Petrópolis 1985, pp. 512-513.
OMAECHEVARRIA, Ignacio - Las Clarissas a través de los Siglos, Cisneros, Madrid 1972, pp. 90-92; 100-101 e 136.
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